Erro, não existe o grupo! Verifique sua sintaxe! (ID: 9)
Às vezes, um jogo tem a capacidade de, mesmo desafiando os conceitos existentes do que é um bom jogo, alugar um triplex na sua mente, mesmo anos e anos depois de ter sido lançado. Você já acabou, já fez os mil pontos, e ele continua lá, aparecendo em flashes. Isso aconteceu comigo, com o primeiro Dragon’s Dogma.
Apesar das criticas medianas que o jogo teve na época em que foi lançado, pra mim ele tinha sido experiência mais incrível possível.
Quando a Capcom resolve lançar, mais de dez anos depois do primeiro, a sequência de Dragon’s Dogma, os fãs foram à loucura, já que aquele jogo mediano de outrora havia virado um fenômeno cult. Fiquei um pouco nervoso sobre como a empresa japonesa, vinda de vários sucessos, ia tratar a retomada da franquia. Dragon’s Dogma 2 é, em sua maior parte, um esforço muito bem-sucedido. É quase a sequência perfeita. Quase.
Para quem nunca jogou, Dragon’s Dogma 2 é um RPG mundo aberto de ação com influências medievais. Tem dragões (claro), goblins, ogros, ciclopes, grifos, homens e homens fera. A história se desenrola enquanto você faz missões principais e secundárias. Parece como qualquer outro jogo do estilo, com The Witcher. Só que é … especial. E não é pra todo mundo.
Dragon’s Dogma 2 exige de você a paciência de um monge, já que não tem viagem rápida fácil, por exemplo, bem como várias outras facilidades de outros jogos modernos. E essa é a graça, não vai ter cavalo nem nada pra te levar do outro lado do mapa em um vilarejo inóspito. Você vai ter que andar, e muito. Repetidas vezes. Isso, por exemplo, acontecia no primeiro jogo, e a Capcom não fez nada pra mudar isso, muito ao contrário. Ande mais, e de novo, e de novo. E enfrente inimigos o caminho todo, descubra cavernas, tome uma patada de um Drake de graça da forma mais inesperada. Sofra e ame ainda mais o jogo por isso.
O combate é bem resolvido, contando com classes que se se diferenciam, bastante uma da outra. São quatro classes iniciais, com mais quatro avançadas que você consegue ao longo da história. Dragon’s Dogma 2 te encoraja a mudar as classes, visto que elas aumentam de nível junto com seu nível pessoal, mas o nível máximo de cada uma é dez. Não tem travamento de mira, por exemplo, o que pode deixar alguns confusos, mas dá pra se acostumar fácil com isso.
O mais satisfatório, no entanto, é o sentimento que cada flecha, cada golpe de espada causa. É possível sentir cada um em sua contundência. Há uma outra mecânica muito legal, é possível escalar os inimigos, pra poder atingir facilmente os pontos fracos. Além, disso, cada um tem uma sensibilidade a um elemento específico.
Uma outra mecânica única nesse jogo é que você possui um peão que te ajuda, junto com outros dois que você recruta de outros jogadores. O seu próprio peão fica disponível para outros jogadores, num tipo de multiplayer assíncrono. O que os peões de outros jogadores descobrem em seus mundos e em outros, podem ajudar nas missões oferecendo dicas e outros conhecimentos.
É importante também falar de dois grandes problemas. O primeiro é a performance de Dragon’s Dogma 2. No Series X, apesar de não atrapalhar ao longo do jogo, a performance é um pouco errática, com as taxas de frame variando bastante. Quem possuir uma televisão com VRR, vai ter uma experiência mais estável. Os gráficos são lindos, mas há muito o que melhorar.
O outro problema são as micro-transações. Não existe desculpas para esse comportamento da Capcom. por exemplo, é possível comprar moedas e pontos de viagem rápida.
No meu caso, senti que o jogo não foi desenvolvido para que você tivesse que comprar coisas com dinheiro vivo, já que o sentimento é muito parecido com o do primeiro jogo. Mas o ideal é que elas não existissem. Há a clara intenção de tirar dinheiro de jogadores menos habilidosos ou que não tem muito tempo disponível pra jogar. Outros jogos tão bons e difíceis como Baldur’s Gate 3 preferiram não ter nenhum conteúdo extra pago, por exemplo.
Dito tudo isso, Dragon’s Dogma 2 está fácil entre os três melhores RPGs que já joguei, apesar de ter muito mais falhas que alguns dos bons nomes da categoria. O nível de imersão é algo assustador. Imagine só parar de jogar porque o cansaço mental não deixa você raciocinar mais e depois você ainda sonha com o Drake que te matou umas 5 vezes no dia.
Chegar em casa do trabalho e não ver a hora de jogar, não só por jogar alguma coisa pra relaxar ou distrair. Mas sim porque você não vê a hora de se perder nesse mundo de novo.
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