O novo preço do Xbox Series S pegou muita gente no Brasil (e fora dele) de surpresa. O console de entrada da Microsoft foi referência por aqui de forma de entrar na nova geração de consoles por um preço mais acessível
Especialmente quando a pandemia bateu forte e montar um PC ficou caríssimo, ele foi nosso queridinho pra galera sem grana.
Mas com um salto de preço de quase R$ 1.000, subindo do preço sugerido de R$ 2.649 para impressionantes R$ 3.599, aproximando até do preço sugerido do videogame high-end, o Xbox Series X, que custa R$ 4.499.
Isso também modifica nossas conclusões destes artigo aqui: “Xbox Series S: melhor que um PC Gamer Baratinho agora?”, onde o salto absurdo de preços da pandemia encareceram o nosso PC gamer de entrada em 50%, e tornaram o console da Microsoft em uma opção muito superior para jogar com baixo custo.
Mudanças nos preços
Os preços dos hardwares recuaram bastante desde 2020, ou melhor, não recuaram, mas agora os R$ 3.500 quem em 2020 mal pagavam um PC para jogar, hoje são um orçamento para um computador sensivelmente melhor.
Dentro do orçamento temos combinações como Core i5-10400F e RTX 3060, e se a gente aceitar passar de leve, tem até PC com Ryzen 5 5600 e Radeon RX 6650 XT! Abaixo a comparação deixa claro o quanto esses hardwares são um salto versus o que pagávamos R$ 3.5 mil em 2020.
Também é bom lembrar que estamos deixando de fora a variável tempo, e isso significa que o dinheiro de 2020 vale diferente do dinheiro de 2023. Se corrigido apenas pela inflação (referência: calculadora do Banco Central), o Xbox Series S na realidade devia ter sido reajustado para R$ 3.127,00. Mas essas comparação não faz sentido por um motivo: o hardware do console barateia ao longo do tempo, como ficou claro na evolução que o mesmo custo trouxe para o PC.
Então, o esperado é que o preço seja mais estável, já que mesmo com a inflação, as peças que compõem o videogame também vão barateando. Falando nisso, os R$ 3.500,00 do PC Baratinho de 2020, se corrigidos pela inflação, dão R$ 4.100. Isso mostra como o PC de 2023 evoluiu ainda mais também nesse critério. Afinal, ele nominalmente custa igual, mas ele efetivamente é mais barato.
E a performance?
Agora vamos dar uma olhada nos hardwares presentes. A comparação mais fácil é se fizermos o Xbox encarar o PC com o hardware mais semelhante a ele: o combo Ryzen 5 5600 e RX 6650 XT. Ambos são baseados em AMD Zen no processador, e os gráficos são na microarquitetura RDNA 2.
| PC Baratinho | Xbox Series S | |
| Processador | 6 núcleos e 12 threads em Zen3 até @4,4GHz (Ryzen 5 5600) | 8 núcleos e 8 ou 16 threads em Zen2 até @3,6GHz |
| Placa de vídeo | 32 Compute Units RDNA 2 a @2500MHz (RX 6650 XT) | 20 Compute Units RDNA2 a @1500MHz |
| Memória | 16GB DDR4 RAM + 8GB GDDR5 VRAM | 8GB GDDR6 UMA |
| Armazenamento | 512GB SSD M.2 PCIe 3.0 | 512GB SSD NVMe customizado |
Comparar o hardware do PC com o dos consoles, diretamente, não é algo que faz sentido. O motivo é que consoles recebem muito mais otimização no software, conseguindo fazer “mais com menos”. Mas as diferenças são grandes o bastante para mais que compensar essa diferença de aprimoramento nos programas. E até para adicionar “uma folga”.
Além do óbvio aumento no número de unidades computacionais, a RDNA 2 da RX 6650 XT opera em frequências bem mais altas que a GPU do chip customizado do Xbox Series S. Já no processador, apesar de parecer um retrocesso a redução no número de núcleos, além da frequência mais alta, a arquitetura Zen3 tem boa vantagem sobre a microarquitetura Zen2.
Abaixo temos comparativos de um hexa-core Zen3 (Ryzen 5 5600X) versus um octa-core Zen2 (Ryzen 7 3800X). Em games a arquitetura mais moderna tem clara vantagem, mas mesmo em ciclos de trabalhos de uso de mais núcleos, os seis núcleos em Zen3 quase alcançam oito núcleos em Zen2.
Jogar no PC Baratinho versus jogar no Xbox Series S
Conferimos nos games como fica essa diferença, e para isso vamos testar dois cenários bem diferentes. Para qualidade gráfica e games complexos, vamos colocar para rodar o Starfield. Com foco no competitivo, vamos de COD: Warzone e Fortnite. O PC de nossos testes vai ser o Baratinho com duas modificações: subimos para o Ryzen 5 5600 e a placa de vídeo é a GeForce RTX 3060 (não temos uma RX 6650 XT por aqui).
Começando pelo Starfield, esse game é uma pedreira, e não a toa roda a 30fps nos Xbox Series. Tentamos primeiro por o máximo de qualidade dentro da performance de 30fps, e conseguimos jogar o game nessa taxa de quadros no pre-set do alto, na resolução 4K com FSR em modo desempenho (renderização em 1080p) e o resultado foi gráficos melhores que o do Series S.
Mas fizemos outro ajuste, agora focando em performance. Foi possível buscar 45fps com a resolução 1440p e FSR em desempenho com o pre-set do médio. Com isso temos uma qualidade comparável ao Series S, mas em um gameplay perceptivelmente mais fluido.
Agora nos games competitivos tivemos uma qualidade semelhante em COD Warzone, mas o PC Baratinho consegue taxas levemente mais elevadas de quadros. A grande diferença apareceu em Fortnite. O game no PC está claramente em uma resolução muito maior, entregando muito mais definição de imagem.
E aqui não foi preciso escolher entre ter mais qualidade ou ter mais taxa de quadros. O jogo rodou próximo dos 200fps, mesmo mantendo uma qualidade gráfica claramente superior.
Ecossistema mais completo do PC
Fechando os elementos principais do comparativo, o computador tem clara vantagem em seu ecossistema. Parte disso acontece porque tudo que está presente no console da Microsoft também está presente para o sistema Windows, o que inclui seus jogos e serviços como o Xbox Game Pass.
Dessa forma o computador sai na frente por contar com mais games, o que inclui os exclusivos do PC, com franquias como vários FPS, MOBAs e games de estratégia, bem como games da Playstation que também vem chegando nos computadores.
O ecossistema de acessórios é bem mais amplo, incluindo o suporte a teclado e mouse em todos os games, bem como praticamente qualquer loucura de comandos ligados via USB, óculos de realidade virtual, etc. Até as telas são mais variadas, com mais taxas de atualização para além dos 120Hz ou formatos como o ultrawide ou super ultrawide.
E um bom PC para jogar é sempre um bom PC para trabalhar. Processadores potentes e placas de vídeo dedicadas também são eficientes para renderizar vídeos, editar fotos e modelar em 3D, então são potencialmente ferramentas úteis de trabalho.
Xbox Series S bom pra quem?
As coisas mudaram muito desde nosso primeiro comparativo do PC Baratinho versus o Xbox Series S. Nosso PC de entrada para jogar é hoje uma máquina bem mais potente do que era em 2021, e apesar de nominalmente custar os mesmos R$ 3.5 mil, se considerarmos a inflação e os componentes melhores de 2023, ele é hoje sensivelmente melhor.
Já o Xbox Series S está na mesma quando o assunto é performance, mas está pior no preço. Seu custo variou acima do aumento da inflação no período, e hoje não faz sentido pra quase ninguém. É tão caro quanto um PC que é melhor que ele – como mostramos no artigo – e custa perto demais do Xbox Series X, que tem muito mais performance e armazenamento.
A conclusão é o triste fim do Xbox Series S como recomendação fácil para quem quer custo x benefício em um sistema para jogar os games da nova geração. Hoje não vejo nenhum motivo para preferir ele, ao invés de montar um PC gamer. Dá pra jogar com qualidade semelhante em máquinas mais baratas ou, como mostramos neste artigo, gastar melhor esses R$ 3.499 em um bom PC para jogar.