A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta segunda-feira, 15, uma nova tecnologia capaz de reduzir em mais de 2 horas o tempo dos procedimentos de tratamento de fibrilação atrial, tipo mais comum de arritmia cardíaca, que atinge 2 a 4% da população mundial.
Trata-se do FARAPULSE™, aparelho que atua por meio de um sistema denominado “Ablação por Campo Pulsado” (Pulsed Field Ablation – PFA), em que impulsos elétricos de curta duração isolam as veias pulmonares e destroem somente as células responsáveis pela arritmia, evitando danos às áreas externas ao coração e próximas a ele, como o a parede do esôfago, já que não aplica temperaturas extremas como o processo de ablação tradicional.
“A aprovação do FARAPULSE™ é um marco importante para ajudar milhões de pessoas que são acometidas pela fibrilação atrial no Brasil, além de ser uma oportunidade incrível de trazer o primeiro sistema PFA projetado e construído exclusivamente para esse tipo de terapia de ablação”, diz Kalyne Terumi Chagas, diretora da área de Ritmo Cardíaco na Boston Scientific Brasil, empresa de soluções médicas, que responsável pelo dispositivo no país.
No Brasil, cerca de 1,47 milhão de pessoas são afetadas por fibrilação atrial (FA) paroxística por ano, sendo 70% delas sintomáticas, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). O novo aparelho promete reduzir o tempo do procedimento de 3 horas para aproximadamente 30 minutos. Os pacientes que não recorrem ao tratamento da fibrilação atrial logo no início da doença, podem desenvolver uma condição persistente e permanente, gerando uma sobrecarga no coração e, consequentemente, uma insuficiência cardíaca. Além disso, a doença estimula a formação de coágulos que podem causar um infarto ou Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Boa alternativa terapêutica
Desenvolvida nos Estados Unidos, a tecnologia foi aprovada pela FDA (Food and Drug Administration), agência reguladora do país, em janeiro deste ano. O procedimento é uma alternativa terapêutica mais eficiente e menos invasiva em relação a ablação térmica tradicional, uma vez que, em alguns casos, o processo por indução de calor pode causar danos ao esôfago ou ao nervo frênico, localizado no pescoço e que passa por coração e pulmão até chegar ao diafragma.
A tecnologia também já está aprovada em 24 países da Europa, como Alemanha, Espanha e Portugal, e na América Latina está disponível no Chile. Globalmente, com o FARAPULSE™ já foram tratados mais de 40 mil pacientes com sucesso.
“Os estudos realizados nos Estados Unidos comprovaram que o FARAPULSE™ foi uma opção segura e eficaz para o tratamento da doença cardíaca. Por isso, temos convicção que ele poderá, em larga escala, ajudar a diversas pessoas com o tratamento. Queremos que a tecnologia chegue às pessoas e que elas possam se beneficiar do uso e tenham uma vida mais saudável e feliz”, afirma Eduardo Verges, vice-presidente e gerente geral da Boston Scientific Brasil.
Consulta médica é necessária
Vale ressaltar, no entanto, que o aparelho não dá diagnóstico clínico e não substitui a avaliação de um médico. A lei também restringe a venda desses dispositivos mesmo que por indicação de profissionais da saúde, sendo claro que as contraindicações, avisos e instruções encontrados nos rótulos de cada dispositivo são apenas para propósitos educacionais.